Uma mudança no comportamento do consumidor, que reduz a compra de bens para investir em experiências locais, ganhou força nos últimos anos. Parece um mudança simples, pouco significativa, mas ela traz implicações importantes para todos os segmentos do turismo. O viajante quer experiências: are you ready?
Percebo essa “pivotagem” nas redes sociais, nos destinos pelos quais tenho circulado, mas principalmente nas pesquisas e estudos que comprovam que o viajante quer experiências, ele busca novas vivências.
E digo mais: este comportamento, que já não é mais uma tendência, mas um fato, continuará acelerado, tornando o impacto do turismo nas economias mais significativo e pesando na competitividade não só dos negócios turísticos, mas dos destinos onde elas estão inseridas.
Historicamente, os turistas decidiam ir a Paris, Nova York, nordeste ou Buenos Aires e depois decidiam o que fazer. Hoje, os consumidores tomando decisões sobre viagens com base no que querem fazer, no tipo de experiência que estão buscando, e não para onde desejam viajar.
A preferência pelas experiências não é recente, aliás o primeiro curso que fiz sobre turismo de experiência foi em 2008. Mas, depois da pandemia, esta tendência ganhou força e extrapolou o universo das viagens.
Poucos fornecedores turísticos entendem essa mudança. O Airbnb captou esse novo comportamento há um bom tempo e oferece os tipos de hospedagem de acordo com a experiência que o viajante está buscando. Mas em geral, para buscar serviços (aéreo, hospedagem, passeios, etc.), temos que partir do princípio que já sabemos para onde queremos viajar. E hoje não é mais assim.
O viajante quer experiências. E morador local também. Rooftops com DJs, wine bars, sunset parties, picnics, tours gastronômicos ou de arte urbana, oficinas, workshops, degustações, música, entretenimento, etc são algumas das experiências em alta, que atendem ambos os públicos e ainda colaboram para otimizar a receita dos hotéis, bares, restaurantes e outros prestadores de serviços.
Isabel Lounge, Rio de Janeiro – Fonte: Hotéis.com
O viajante quer experiência local, personalizada e em pequena escala. Esqueça o ônibus ou micro ônibus, ou grupos com mais de 10 ou 12 pessoas. O turista que exclusividade, quer se envolver com a comunidade, quer aprender, voltar para casa com “bagagem” maior do que quando saiu de casa, no sentido de conhecimento. E, acima de tudo, ele não quer parecer um turista. Isto significa que o viajante quer experiências verdadeiras, quer fazer o que o nativo faz.
Nós, como consumidores, buscamos experiências bacanas, perto ou longe de casa. Aprendemos que podemos visitar uma vinícola ou cervejaria artesanal em um fim de semana, que não queremos simplesmente sair para comer, mas buscamos novas descobertas, novos sabores e novos ambientes.
Advogo em favor do turismo de experiência há algum tempo, porque acredito que essa mudança é essencial para a sobrevivência dos negócios turísticos (hotéis, pousadas, receptivos, operadoras, restaurantes, bares, etc.) e para competitividade dos destinos turísticos. Além de dar “uma cara mais moderna”, de ter mais apelo perante os turistas, esses produtos com mais valor agregado (experiências e vivências locais), contribuem para outra mudança bastante necessária: focamos na qualidade da demanda, que colabora com a sustentabilidade do destino, e não na quantidade de visitantes.
Trabalhamos com fluxos menores, mas que deixam contribuição econômica maior, que se envolvem (ou ao menos se preocupam) com as comunidades locais e que, geralmente, têm mais consciência ambiental.
Por essas e outras é que vejo o futuro do turismo com muito otimismo. Um turismo melhor, mais qualificado, que gera benefícios reais para todos os envolvidos e que, ao mesmo tempo, contribui para a construção de cidades e destinos inteligentes. Are you ready?
Saiba mais sobre o comportamento do viajante 4.0 aqui.
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