Diversos dados comprovam que a recuperação do turismo vem acontecendo gradativamente. Em alguns segmentos ou destinos turísticos, foram observados fluxos acima dos níveis pré-pandêmicos. O marketing turístico, se bem planejado e executado, pode acelerar essa retomada. Para isso, é fundamental entender o que deseja o viajante 4.0, as principais mudanças de comportamento, que podem parecer sutis, mas impactam diretamente nos resultados da empresa e dos destinos.

O que vivemos nos últimos dois anos mudou a forma como nos relacionamos, trabalhamos, consumimos e nos divertimos. Essa mudança de comportamento afeta demais o setor de turismo, uma vez que o viajante 4.0 pós pandemia busca serviços inovadores e valoriza muito mais a experiência digital ao longa da jornada de compra.

Aspectos como segurança sanitária, contato com a natureza, atividades ao ar livre e lugares sem aglomeração, continuam muito valorizados pelos consumidores. Mas outros componentes entraram no jogo, e a competitividade dos negócios turísticos será definida também em função da percepção desses novos fatores. O que deseja o viajante 4.0 pós pandemia?

  1. O destino é importante, mas a experiência é essencial

Descobrimos ao longo da pandemia que também podemos curtir experiências bacanas e exclusivas perto de casa. Ou seja, se antes da pandemia os viajantes já definiam o destino em função da experiência que buscavam, agora esse fator é chave. E esses serviços inovadores podem ser perto ou longe, ou até na própria cidade.

A busca por “slow travel”, ou seja, viagens que têm ritmo mais lento, e que ofereçam oportunidade de “mergulhar” na cultura e na paisagem do local, não só cresceu como demostrou ser um caminho bem interessante para os destinos próximos aos grandes centros.

Essa mudança de comportamento não tem volta. Uma vez que o turista experimenta a viagem com mais tranquilidade e com mais “profundidade”, no sentido de se apropriar mais do local, ele não vai querer viajar com grupo grande, visitar tudo com pressa e ticar cartões postais. Isso já não faz sentido para esse novo viajante, que busca nas suas viagens conhecimento e propósito, além de diversão e desconexão.

Vale ressaltar que, segundo pesquisa do Booking.com em 2021, 83% dos brasileiros viajam para cuidar do bem estar e 60% para conhecer novas culturas e paisagens. Portanto, renovar o portfólio de serviços é fundamental para ser competitivo (e até sobreviver) no mercado turístico.

  1. Viajar em qualquer época do ano

As grandes mudanças no trabalho impactam diretamente nas viagens. A facilidade do trabalho remoto permite que os profissionais viajem em qualquer época do ano. O número de viajantes bleisure (que viajam a trabalho e também aproveitam os momentos de lazer) cresceu, assim como o de nômades digitais. Esses vivem por tempo determinado em outra cidade ou país e agora não são apenas jovens freelancers, mas famílias com crianças pequenas, casais, executivos seniores, dentre outros.

Essa nova realidade do mundo do trabalho abre um leque enorme de oportunidades para hotéis e destinos, que podem criar estratégias para atrair esses profissionais e reduzir a sazonalidade.

Outra tendência que já se observa é viajar fora da temporada e mais vezes ao longo do ano. Muitos já preferem fazer várias pequenas viagens ao longo do ano a uma mais longa nas férias.

 

  1. O viajante 4.0 deseja flexibilidade

A incerteza gerada pela Covid mudou a forma de comprar e reservas serviços turísticos. As pessoas querem ter a segurança de mudar seus planos de viagem sem ônus. A pandemia nos ensinou que o cenário pode mudar a qualquer momento e acabar com o nosso sonho de viagem.

Portanto, contar com política flexível de cancelamento/alteração dos serviços é uma das principais demandas dos turistas. É necessário oferecer os serviços adequados para que, em caso de imprevistos, não haja inconvenientes para trocar a viagem para outro momento.

 

  1. Marcas sustentáveis são prefiridas

Se antes a sustentabilidade era um diferencial, um ator coadjuvante no turismo, hoje ela é a atriz principal dos negócios turísticos. O novo viajante 4.0 deseja viajar de maneira mais responsável, porque sabe o impacto que deixa no meio ambiente. Muitos ainda não têm essa consciência, mas felizmente cresce o número de turistas que sabem que suas decisões de compra e seu comportamento ao longo da viagem podem ajudar ou prejudicar o meio ambiente e as comunidades que vivem no destino.

A Booking.com publicou recentemente resultados da pesquisa feita com 30 mil turistas, em 32 países. Praticamente 7 em cada 10 turistas preferem as empresas turísticas que têm iniciativas sustentáveis. Interessante é que esse número aumentou em 10% em relação à mesma pesquisa realizada em 2021.

Ou seja, o viajante 4.0 está deseja sustentabilidade. Ele está mais atento às mudanças climáticas e às dificuldades sociais que tanta gente enfrenta. Assim, investir em sustentabilidade não é mais uma opção, ao contrário é chave para a competitividade e sobrevivência dos negócios.

 

  1. Viajante que é influenciado e também influencer

A cada dia os consumidores são muito influenciados pelo conteúdo que acessam nas redes sociais. Conhecer os lugares e viver as mesmas sensações dos influencer acabou virando um grande desejo. Mas, além dos influenciadores, a própria rede de contato dos usuários de mídias sociais acaba impactando nas decisões de consumo.

E para quem não gosta de TikTok (como eu…rs), algumas marcas importantes como Meliá Hotels & Resorts, criaram estratégias interessantes com influenciadores mais experientes, que não dançam nem fazem coreografias. São vídeos muito profissionais para promover, no caso da Meliá, os hotéis de luxo para as gerações Y e Z.

Ter presença nas redes sociais além da conta corporativa, com apoio dos influenciadores é uma ótima maneira de atrair novos consumidores, ao mesmo tempo em que oferece a possibilidade de interação com os usuários. Ao mesmo tempo, é um novo canal de atendimento e principalmente de reservas diretas.

O que deseja o “novo” viajante 4.0? Entender que as pessoas mudaram, que têm novos anseios, novos medos e buscam satisfazer outras necessidades é fundamental para criar estratégias centras no cliente. Afinal, estamos em constante transformação e mais do que nunca os consumidores querem se sentir não só satisfeitos, mas abraçados pela hospitalidade.

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