Muitos autores, pesquisadores e acadêmicos já escreveram sobre turismo sustentável, desde o surgimento do conceito, resultado da discussão da Rio-92. Porém, diante das tendências, do esgotamento dos recursos naturais no mundo todo e, principalmente, da necessidade de se criar soluções e alternativas sustentáveis para o turismo, vamos trazer a tona o assunto, com foco em ações práticas que possam orientar gestores de destinos turísticos.A OMT (Organização Mundial do Turismo) defende que o desenvolvimento do turismo sustentável atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para as gerações futuras. Esse conceito tem como premissa a sustentabilidade em três dimensões: ambiental, social e econômica.
Quando falamos em sustentabilidade logo pensamos nas questões ambientais, que são extremamente importantes e requerem planejamento adequado para a conservação dos recursos naturais. Mas, sem a sustentabilidade econômica não há atividade turística, portanto, devemos pensar em formas de promoção dos pequenos negócios turísticos, na inserção da mão de obra local no turismo, na utilização de insumos e produtos locais para a elaboração dos produtos turísticos e assim por diante.
A sustentabilidade social nem sempre recebe a atenção merecida. Grupos culturais (dança, música, folclore), artesãos, artistas, produtores culturais, contadores de histórias e muitos outros carecem de apoio, estímulo e incentivo para manter suas tradições. Em geral, necessitam de patrocinadores que os apoiem para a formatação de produtos culturais que possam ser comercializados aos turistas. Além da geração de renda e emprego, essa iniciativa garante a preservação das culturas e tradições.
Os resultados da gestão do turismo sustentável são conhecidos: preservação ambiental, alto nível de satisfação dos turistas e consequente valorização do destino no mercado, desenvolvimento do capital humano (empresários e funcionários) atuando nas empresas turísticas, maior arrecadação de impostos, que reflete em benefícios para a comunidade local e melhoria da qualidade de vida no destino.
Curiosamente, mais do que um discurso moderno, a sustentabilidade está (ou deveria estar) na agenda dos gestores de destinos turísticos. Afinal, a competitividade dos destinos está intimamente relacionada à sustentabilidade! Essa conclusão é feita a partir da simples constatação do mercado. Turistas pagam mais caro para conhecer locais menos explorados, menos turísticos, menos massivos, onde as experiências são únicas. Não é assim em Bonito, Fernando de Noronha, Maldivas, e em tantos outros destinos reservados a um pequeno grupo de turistas?
Da mesma forma, o resgate das tradições culturais, da gastronomia típica, dos “fazeres” e de outras características típicas de um determinado povo contribui para que a experiência turística seja marcante e autêntica. Ou seja, as ações com foco na sustentabilidade social também contribuem para a diferenciação do destino, ao mesmo tempo em que favorecem a cultura local.
Esses locais são diferenciados em função das experiências que oferecem aos visitantes. E a diferenciação é percebida pelos turistas em função de seus produtos naturais (praias, montanhas, rios, lagos, fauna, flora e etc.) ou culturais (casarões, museus, igrejas, legado cultural, folclore, tradições, gastronomia e etc.). Com a diferenciação, o destino atinge posição de vantagem no mercado turístico.
Terminamos este post com uma reflexão: “… para os destinos serem ou se manterem competitivos, cada vez mais se torna indispensável possuir, divulgar e promover diferenças atrativas que os distingam dos concorrentes, em que os ambientes natural e cultural terão de desempenhar os principais papéis” (Baptista,1997). E aqui cabe uma observação: não basta contar com esses atrativos, mas principalmente focar na gestão sustentável!
Acompanhe o nosso próximo post, que retrata um case de turismo sustentável bem sucedido numa comunidade maia.
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