As viagens sempre fizeram parte da vida de diferentes povos, pelos mais variados motivos: negócios (comércio), lazer, estudos, religião, saúde, esportes, etc.. Desde a Antiguidade o homem viaja para trocar, aprender, comprar, visitar amigos e parentes, rezar, conquistar, buscar a cura, etc.Mas, é na segunda metade do século XX que as viagens de lazer ficaram populares, à medida que ficaram acessíveis a uma grande parte da população, principalmente nos países desenvolvidos.Mais recentemente, as viagens ficaram acessíveis também nos populares nos países em desenvolvimento e, somadas às viagens corporativas, configuram um setor econômico expressivo.

Viajar ficou, então, cada vez mais presente na vida das pessoas e os destinos mais consagrados recebem fluxos enormes de visitantes. Assim, conhecer cartões postais como Corcovado, Torre Eiffel, Coliseu, Vaticano, Estátua da Liberdade e muitos outros, ficou ao mesmo tempo mais fácil e menos interessante. Explico: a experiência que se tem nesses pontos turísticos não é tão prazerosa, em função das filas, dos aglomerados e da “pasteurização” de alguns destinos turísticos.

À medida que a globalização avança, várias cidades, em diferentes países, contam com as mesmas lojas, mesmas redes hoteleiras e cadeia de restaurantes. E na contramão dos produtos globalizados, tendemos a buscar as características singulares de uma determinada localidade, ou seja, valorizamos os aspectos locais. Preferimos restaurantes típicos a cadeias de fast food. Buscamos o artesanato e a cultura local, em detrimento do objeto “made in China”. Queremos conhecer as atrações que são realmente a marca registrada daquele destino, mas valorizamos também os atrativos menos óbvios, que oferecem experiências autênticas.

Aliás, decidimos as nossas viagens em função da experiência que queremos viver. Pode ser uma experiência no campo, de aventura, de bem estar, gastronômica, de relaxamento, e por aí vai. Decidimos pelo destino turístico que proporciona aquela determinada experiência que desejamos.

Isso não é nenhuma novidade. Mas algumas empresas turísticas decidiram apostar nessa maré e oferecem experiências que promovem a interação dos turistas com a comunidade que vive no destino. Mais do que receber informações sobre as pessoas, como elas vivem, os mitos que cultuam e etc., os visitantes passam a vivenciar algumas rotinas. Por exemplo: turistas podem visitar comunidade pesqueira no litoral fluminense, que adota uma prática diferenciada de pesca e efetivamente participa da pescaria. Há visitantes que preferem participar da colheita da uva ou da fabricação de vinho. Propriedades rurais abriram suas porteiras para receber turistas que colaboram na lida.

Na Riviera Maia, no México, uma comunidade de nativos se organizou para receber grupos de visitantes. A experiência começa com um ritual religioso, feito pelo xamã, pedindo a proteção dos visitantes e da natureza. A seguir, os turistas percorrem trilhas e se aventuram em tirolesas e acabam participando do almoço oferecido pelas mulheres maias, que preparam, servem e falam sobre a comida típica. Durante a refeição, visitantes e moradores trocam ideias sobre os diferentes modos de vida.

São diversos tipos de experiências e vivências disponíveis no mundo afora, que além de marcar a viagem, estimulam a reflexão dos turistas sobre seu modo de vida, sua cultura, seus hábitos e seus valores. Observamos que os destinos e as empresas (agências, operadoras, hotéis e atrativos turísticos) ainda não estão preparados para essa demanda. Além de observar as boas práticas pelo mundo afora, é necessário olhar para dentro (do destino e da própria empresa) e identificar as experiências que podem ser “embaladas”. Mais do que modismo, está comprovado que essa tendência veio para ficar. O turista moderno busca uma nova forma de viajar, na qual ele passa de expectador para ator e as lembranças e consequências da viagem estão muito além das fotos registradas e compartilhadas. Uma viagem que marca, que leva à reflexão e ao crescimento. Entender essa característica do novo consumidor de turismo é chave para conceber produtos de sucesso.

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