O turismo tem se transformado muito nos últimos anos e uma mudança importante é que as experiências assumiram papel chave na tomada de decisão dos viajantes. E é por isso que tenho dito que as experiências vão, cada vez mais, ditar a competitividade de negócios e destinos turísticos.

Isto significa que os destinos e as empresas do setor de turismo que não ofertarem experiências deixarão de ser interessantes para uma grande e importante parcela de consumidores, o que pode ser bastante arriscado para muitas organizações.

O que mudou? Na minha opinião, são diversos motivos que levam a essa virada de chave. Vamos entender:

Jovens querem colecionar memórias e não bens

Um estudo da Phocuswright e Arival (Phocuswire 2022) realizado com mais de 8.000 viajantes globais mostra que cerca de 60% dos viajantes da geração Z e Millennials priorizam os gastos com experiências em vez de coisas (bens, carros, imóveis etc.).  O interesse por tours gastronômicos, aventura e bem-estar tem aumentado significativamente entre esses consumidores, que não querem apenas comprar souvenires, mas colecionar e compartilhar memórias.

Essa mudança no comportamento de milhares de consumidores reflete no setor de turismo e gera muitas oportunidades para negócios e destinos. Mas, há um dado que chama a atenção e deve ficar na mira dos gestores de destinos e dos profissionais do setor: os Millennials e a Geração Z já escolhem o destino em função da experiência que desejam ter. Ou seja, a jornada de compra desse viajante começa de forma diferente e normalmente os sites de companhia aérea, hospedagem, OTAs, operadoras e etc. disponibilizam a busca por destino.

Experiência é o tipo de produto que o viajante quer consumir

Mas não são só os jovens que estão interessados em experiências. Um estudo de tendências realizado pelo Hilton no final de 2023, mostra que 66% dos turistas globais querem consumir experiências autênticas, que representam a cultura local.

A experiencia é o tipo de produto que o turista (e muitas vezes o próprio morador local) quer consumir. Ele quer voltar para casa com mais bagagem do que quando saiu de casa, no sentido de ter aprendido algo novo, que possa ampliar sua visão de mundo e seu repertório. E esse já é um dado que mostra que a oferta de experiências turísticas impacta na competividade de negócios e destinos turísticos.

turismo de experiência

Trata-se, portanto, de um mercado em franco crescimento. Segundo estimativa da  McKinsey, o mercado de experiências turísticas deve ultrapassar os 3 bilhões de dólares em 2025.

Leia este artigo para saber mais sobre turismo de experiência

 

Dados comprovam o crescimento do turismo de experiência

A Mabrian, empresa espanhola especializada em Inteligência Turística, publicou um estudo interessante que mostra a queda das atividades turísticas tradicionais na mesma proporção que crescimento do consumo das experiências.

A análise foi feita a partir da observação do comportamento espontâneo e preferências dos consumidores globais. Para realizar o estudo, a empresa usou o Social Listening, que é uma metodologia baseada em Big Data e Inteligência Artificial para processar mais de 400 milhões de interações nas redes sociais entre o primeiro semestre de 2019 e o mesmo período em 2023.

Experiências turísticas e a competitividade de negócios e destinos

A conclusão é que as atividades tradicionais, tais como sol e praia, artes e cultura, vida noturna, atividades familiares e compras, representaram 60% dos posts relacionados a viagens em 2019 e caíram 10 pontos percentuais em 2023. Enquanto isso, as postagens de viagens relacionadas à gastronomia, estilo de vida ativo, natureza e bem-estar aumentaram de 40% em 2019 para quase 50% em 2023. Ou seja, as atividades tradicionais caíram na mesma proporção que as atividades experienciais cresceram. Este é mais um dado para confirmar que a oferta de experiências está relacionada com a competividade de negócios e destinos turísticos.

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Redes sociais e tecnologia fazem a conexão

Por que tanto buzz em torno das experiências? Por que o turismo de experiência tem crescido tanto?

Sempre existiu um desejo genuíno dos viajantes para fazer algo diferente, exclusivo, como jantar em um restaurante em Paris, indicado por um amigo que mora lá. As redes sociais potencializaram esse desejo, à medida que vemos amigos, parentes, influenciadores e marcas apresentando experiências diferentes, que nos deixam com “água na boca” para consumir pratos, drinks, tours e experiências. As mídias sociais se transformaram no principal canal de descoberta dos viajantes.

Ao buscar tours, ingressos e atividades nas plataformas como como Civitatis, Get Your Guide e Airbnb, por exemplo, o turista também descobre que existem experiências bacanas, como fazer aula de culinária com chefe francês, em Paris. E o mais importante: que esta experiência cabe no bolso, já que até pouco tempo atrás elas eram muito restritas ao segmento de luxo.

Então, se as redes sociais funcionam como canal de descoberta, os marketplaces mostram que elas são acessíveis, em termos financeiros, e viáveis, já que estão disponíveis nestes sites específicos.

Ao consumir a experiência, o viajante posta fotos e vídeos nas suas mídias sociais, o que lhe garante o tão desejado reconhecimento social. Algo do tipo: “olha como sou descolado. Estou em Paris fazendo algo que vai muito além de um passeio turístico.”

Essa busca por novidades também fortalece a relação das experiências com a competitividade de negocios e destinos turísticos.

Ainda há alguns gargalos para o crescimento do turismo de experiência no Brasil e no mundo, como: milhares de pequenos fornecedores, pulverizados, muitos deles sem presença online, etc. Mesmo assim, não tenho receio de afirmar que as experiências turísticas vão ditar, cada vez mais, a competitividade de negócios e destinos.

Quer saber mais sobre as tendências no comportamento do viajante? Assista este vídeo.