O Jornal Panrotas publicou neste mês (edição de 10 a 16 de julho de 2012) o artigo “Julho Gelado”, assinado por Artur Luiz Andrade. O texto retrata o desaquecimento do setor de viagens nesta temporada, movimento contrário ao esperado, uma vez que operadoras e companhias aéreas projetavam o mesmo nível de vendas dos últimos anos.

A esfriada do turismo deve-se, dentre outros fatores, à valorização do dólar frente o real, ao aumento dos preços dos produtos e a maior oferta de pacotes e assentos em companhias aéreas.

Muitos gestores e empresários devem ter interpretado esta notícia de forma pessimista, afinal a expectativa era de temporada bem aquecida, puxada pelas viagens internacionais. Mas, os sinais da economia brasileira são alarmantes. Depois do bom desempenho econômico de 2011, puxado principalmente pelo consumo das famílias, a expectativa para 2012 não é tão otimista. A previsão do PIB para 2% em 2012, apesar das quedas frequentes nas taxas de juros, o receio da crise internacional e a queda no consumo, em função do alto endividamento das famílias brasileiras, são dados preocupantes e impactam em diversos setores da economia, inclusive no turismo.

A notícia pode ser comemorada por empresários e gestores de destinos nacionais. No entanto, engana-se aquele que pensa que o turista brasileiro, que agora está mais experiente, ficará satisfeito com qualquer destino, com qualquer produto, com qualquer padrão de serviços. Grande parte dos destinos brasileiros está muito aquém do que gostaríamos, em relação aos produtos formatados, oferta de experiências turísticas, qualidade de serviços, qualidade das informações em sites, redes sociais, publicações, etc. Há também a questão do preço, que mesmo para os padrões brasileiros, não está nada competitivo. Muitos hotéis e pousadas ficaram proibitivos de um tempo pra cá, em função da grande procura. Os preços de pacotes também subiram, assim como tarifas aéreas, restaurantes, passeios, dentre outros serviços.

Mas não se trata apenas de uma questão financeira, que será decidida pelo consumidor: destino nacional x destino internacional. Há muita coisa em jogo. Do lado da oferta observamos certo amadorismo em muitos destinos brasileiros. Do lado da demanda, notamos que os consumidores estão mais racionais para tomarem suas decisões, afinal estão mais viajados (a pesquisa feita pelo SEBRAE e CNTUR, publicada em 10/07/12, mostra que os brasileiros estão menos tolerantes às falhas e mais exigentes em relação aos serviços).

Alguns podem analisar o cenário com viés pessimista. Porém, os líderes certamente já enxergam as oportunidades que estão surgindo nesse momento. O crescimento do turismo nos últimos anos deixou os empresários e gestores em posição muito confortável. É hora de mudar! É hora de investir em produtos com mais valor agregado! É hora de se diferenciar! É hora de melhorar a comunicação com o mercado!

As empresas terão que ser mais criativas e cuidar melhor de seus clientes, diferenciando seus produtos, oferecendo serviços extras, melhorando a qualidade dos serviços. Operadoras e agências, salvo raras exceções, não diversificam seus portfólios e oferecem os mesmo produtos que seus concorrentes. Resta apenas a briga por preço. E por que não explorar destinos ainda pouco conhecidos? Por que não investir em ferramentas para se aproximar do cliente?  Por que não se diferenciar?

As agências e operadoras de serviços receptivos também deverão ser mais criativas, para atrair turistas ao destino e surpreendê-los. Para isso, devem inovar, usando a criatividade para formatar passeios e roteiros diferenciados, oferecendo vivências e experiências que marquem a viagem (leia também nosso post “5 Passos para desenvolver novos produtos”). Elas devem ainda melhorar a comunicação digital com esse consumidor, por meio de sites e redes sociais.

Independente do ramo de atuação, é hora de focar no desenvolvimento dos negócios, tendo como meta surpreender o cliente. Ele volta encantado para casa e compartilha com seus (milhares) amigos esse encantamento, que só uma boa viagem pode oferecer!